sábado, 5 de setembro de 2009

Cravos, Espinhas e mais

Há dias que ao olhar no espelho percebemos que surgiram na pele do nosso rosto indesejáveis pontinhos pretos ou doloridas erupções vermelhas. Podem aparecer também nas costas ou em outras partes e são coisas ruins que por variadas razões estão dentro do nosso corpo, cresceram e se formaram lá dentro dele.

E o que fazemos quando vemos esses tais? Eu costumo ir a um banheiro e mexer no 'bixo', espremer até conseguir me livrar. Só que a grande maioria das vezes da errado e o que era uma espinhasinha ou um cravinho vira uma inflamação feia, chamativa e pior de tudo, dolorida durando dias e dias p/ passar. Além disso fica uma manchinha no lugar que demora meses pra sair, e as vezes não sai toda.

As vezes o que nasce de ruim dentro da gente são tumores, nódulos, e outras coisas que não dão certo dentro do nosso corpo. É preciso abrir pra tirar. E tudo isso envolve dor. E dor não é uma coisa muito boa. Não é mesmo? Algum maluco por aí pode até achar o contrário, mas empiricamente entendo que 98% dos seres humanos aprendem a fugir da dor quando descobrem o que ela é na infância e continuam fugindo na vida adulta até a velhice.

Hoje eu espremi o que havia em mim. Mas não foi espinha, nem cravo. Não usei minhas mãos pois não estava no meu corpo, estava dentro de mim, instalado na minha alma. Sentimentos ruins que brotam e ficam lá, causados por vivências do dia-a-dia, por imagens e palavras que muitas vezes não escolhemos ver ou ouvir.

Com muita coragem eu quis espremer e tirar de dentro de mim mas assim como o processo de espremer espinhas dói, espremer a alma falando aquilo que nos incomoda, colocar o mal pra fora, dói muito. Dói, e se eu não tirar com cuidado, como se tira um cravo com um esteticista, pode piorar, pode deixar marcas na alma, marcas quase incuráveis.

Ao falar não podemos deixar sair de nós ingratidão porque faz arder ainda mais as feridas que estamos abrindo e o bem que queremos não alcançamos. Colocar sentimentos e palavras que nos incomodam pra fora é bom, mas é preciso selecionar as palavras como o esteticista que seleciona os instrumentos e cremes pra tirar os cravos. É preciso se conter pra não espremer além da conta e ferir. É preciso se conter pra não falar o que não precisa e ferir a si e a outros.

Eu espremi minha alma e sei que poderia ter feito melhor. Agora está doendo, incomodando... e só o tempo vai fazer isso melhorar. Medite antes de falar, se coloque no lugar de quem vai ouvir. E você vai saber conduzir melhor o processo de colocar pra fora o que faz mal. Não guarde mas espere a ocasião em que vai saber tirar da maneira certa.

R. P. P.

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